? (17)

Diz o Admirado ao Admirador:
- Provoco-te porque desejo o teu prazer.
O Admirador equaciona os sentidos e desenha um sorriso.

E na espera
Nocturna, viveremos
Amargurados

Resumo à espera

Calma
Inquietude
Aborrecimento
Provocação
Desilusão

Geert Goiris

? (16)

Porque o Admirador não tocou o Admirado,
o Admirado ficou pobre.
A incisão do Outono na pele ressequida
Estilhaça todos os voos quentes a que nos permitimos

E aguardem o estrangulamento de todas as visões idílicas
Pois mesmo as mais preciosas miragens
Serão pressionadas com tal brutalidade
Que apenas sobreviverão
Os percursos de uma folha em queda

O Amor

“A metodologia útil é um martelo.
A ciência utiliza um martelo.
A arte utiliza a ciência.
(E o amor pode inutilizar tudo.)”
(Gonçalo M. Tavares)

Hussardo

“A noite continuava quente e o céu estava repleto de estrelas em volta de uma lua afiada como um punhal. Chegados ao jardim, os preparativos foram rápidos. Ambos os antagonistas ficaram em camisa, entraram num círculo iluminado pelos candeeiros e, passados alguns momentos, estavam a atacar-se com o sabre.”
(Arturo Pérez-Reverte)

(a partir de Fernanda Gomes)


Falo-te da interioridade absurda
Envolta de desejo carnal

Mostro-te a inquietante pulsação
E esboço o teu prazer

Acciono uma viagem inocula
Pelo prazer do outro

?(15)

Admirado – Só o sou porque não sou.
Admirador – Só o faço porque és.

Porquês

Porque é que ele é meu amigo?
Porque é que não há mar em Paris?
Porque é que as mulheres não acabam com as guerras?
Porque é que não tenho outros Pais?
Porque é que é que o sal se desfaz?
Porque é que sou Português?
Porque é que não encontro o meu brinquedo?
Porque é que não há casas em Marte?
Porque é que falas comigo?

Sabores

Sombra sobre sombra
Lado a lado
Esguios como o vento
Altos como deuses
Os enamorados
Seguram-se pelas mãos
Ao sabor de cada intempérie


A imitação

"Se o pensar agora é igual ao pensado, então tal não é pensar, é imitar.
- Tu não pensas, imitas.
Eis um insulto desagradável."
(Gonçalo M. Tavares)