enfrentar uma memória
é como comer uma raiz


Vídeo colagem de Jakub Nepraš - Babylon Plant

Haja beleza

Haja beleza para descobrir
No norte ou no sul
Em qualquer lugar
Na ponte da Arrábida
Ou no castelo de São Jorge
As brisas levantam-se
Como lençóis que encobrem
Os mais preciosos estados sensitivos
E o sol também nos fala
Quer nas (en)costas acompanhadas
Quer nas frontes mais isoladas.
Até chegar ao convento de Cardaes.

A (não) concordar.



Eurovision 1984 Maria Guinot - Silencio E Tanta Gente

Aniversário

"É no silêncio
Que melhor ludibrio a morte

Não
Já não me prendo a nada
Mantenho-me suspenso neste fim de século
Reaprendo os dias para a eternidade
Porque onde termina o corpo deve começar
Outra coisa outro corpo

Ouço o rumor do vento
Vai
Alma vai
Até onde quiseres ir"
(Al Berto)

eu ficarei aqui, onde a tua saudade - P. - faz o corpo doer, apenas com aqueles que ainda estão

Amigo

Como aprendeste a descobrir-te
A conhecer e a controlar o teu corpo
Brincas com o teu pião
Ainda hoje – lúcido – impagável!
Longe de seres apenas um intelectual
Encontras um jardim numa rosa.
És tão puro e imprevisível
Meu querido filho do mar e do azul
Que sob o céu a tua beleza alada
Continua a cobrir a minha noite.
És o menino – do pião – mais puro que conheço
E é uma graça ser teu amigo.
Agora que a doença te acolhe e
Como os bebés tenhas de aprender a não urinar na cama.
Ensinas-me a lançar a beleza serena do teu corpo à natureza.
Como és raro Z.

Amigos

Sei que todas as teorias são refutáveis e também não sei muitas outras coisas. Mas o tempo tem-nos demonstrado, com alguma ajuda do destino, que as amizades não se escolhem – acontecem – e mesmo que por vezes não as alimentemos como desejaríamos, elas energizam-se por si só. Há momentos que não a vemos ou escutamos, porque outros fenómenos a encobrem ou simplesmente são de outra dimensão, e outros há – como quando pensamos ou estamos com\no outro – em que a sua presença é tão física que o nosso corpo reage incontrolavelmente. Aqui a mente pode ser um obstáculo porque não se sente bem com as emoções. No entanto, e racionalmente, se este espaço de acção é ou foi necessário, devemos aprender com ele como se abríssemos uma porta ao mar e ele inundasse todo o nosso ser e estar. Assim, vamos sabendo coisas, vamos (re)definindo a presença e a localização dos amigos – tão necessários como outros elementos de sobrevivência.
Há os que têm o companheirismo e a poesia no sangue
e os que têm um mundo com outros horizontes
- tão subjectivo como as nossas particularidades -
Eu tenho o mar como companheiro e liberdade