be(ing) DADA
Ainda loucura
“Dizei-me, pelos deuses imortais!, se há gente mais feliz do que aquela espécie de homens que o vulgo denomina loucos, estultos, fátuos ou ingénuos, cognomes belíssimos, na minha opinião? (…)
Destruir a ilusão é destruir a arte. Eram a ficção e o disfarce o que prendia a tenção dos espectadores. Toda a vida dos mortais não passa de uma comédia, na qual todos precedem conforme a máscara que usam, todos representam o seu papel, até que o contra-regra os mande sair de cena. (…)
Tudo no mundo é disfarce, e no teatro igualmente. (…)
É doce enlouquecer a tempo.”
Erasmo, Elogio da Loucura
"Dinamatologia"
Loucura!
(diagrama perdido)
“A incapacidade de suportar sentimentos divide, sobretudo, o pensar do sentir. Embora tal se considere característico de um comportamento esquizofrénico, é essa a realidade em que vivemos nós, os «normais», e não os esquizofrénicos. No caso deles, a cisão é sinal da sua recusa de perfilharem sentimentos fingidos ou hipócritas.”
Gruen, Arno (1995): A loucura da normalidade; p.29.
Desejos
Ernesto Tomasini
O Porto continua a mostrar o melhor - fragmento - e voltará...
Os acidentes toleram-se e depois esquecem-se.
Emergência
A par de um contínuo renascimento - por tua culpa - com a tua beleza.
A saber: A(s) ribeira(s) já eram. Os Clérigos e afins prometem, entre garrafinhas de moscatel e corpos sem fim, (re)encontros musicais, silenciosos, culturais, quotidianos, produtores de nada e de tudo.
Uma nova era nocturna saudável assinada por uma mulher única.
Sócrates e Alcibíades
“Por que honras, sagrado Sócrates,
“Sempre esse jovem? Não conheces nada maior?
“Por que o fitam com amor,
“como aos deuses, os teus olhos?”
Aquele que pensou o mais fundo ama o mais [vivaz,
Aquele que encarou o mundo entende a [juventude altiva
E enfim frequentemente os sábios
curvam-se aos belos.
Encontro(s)
Hino
a minha obrigação é também a vossa
num futuro louco de brincadeiras
Preparem-se para uma nova era emotiva
todas as nossas acções e reacções internas
e externas passarão a reger-se pela sensação
Um novo hino cantaremos a favor
da libertação das nossas crianças
as descobertas inter e intra pessoais
serão ingénuas, criativas e prazerosas
Numa primeira fase observem-se e
observem criticamente o vosso quotidiano
podereis iniciar uma necessidade
de extravasar as opressões e de se deslumbrarem
com os jogos da infância
Numa segunda e última fase sois
responsáveis pela manutenção da vossa
felicidade que é também a dos outros.
? (20)
- Mas tu tens uma fotografia!
E o Admirador replica:
- É melhor ter o Admirado.
Um silêncio...
To The Coffee House
“When you are worried, have trouble of one sort or another -to the coffee house!
When she did not keep her appointment, for one reason or another - to the coffee house!
When your shoes are torn and dilapidated - coffee house!
When your income is four hundred crowns and you spend five hundred - coffee house!
You are a chair warmer in the office, while your ambition led you to to seek professional honors - coffee house!
You could not not find a mate to suit you- coffee house!
You feel like committing suicide - coffee house!
You hate and despise human beings, and at the same time you cannot be happy without them - coffee house!
You compose a poem which you can not inflict upon friends that you meet in the street - coffee house!
When your coal scuttle is empty, and your gas ration exhausted - coffee house!
When you are locked out and haven't the money to pay for unlocking the house door - coffee house!
When you acquire a new flame, and intend provoking the old one, you take the new one to the old one's - coffee house!
When you feel like hiding, you dive into a - coffee house!
When you want to be seen in a new suit - coffee house!
When you can not get anything on trust anywhere else - coffee house!”
(Peter Altenberg)
A Marginal
Caminha-se a favor do vento, das águas correntes e
de algumas aves perdidas dos portos.
Não me chames para o lado de dentro dos países nem
para fazer pousada na gruta secreta daquela montanha
coberta de amoras e forrada de líquenes.
Aqui, no passo lento de quem não tem certezas nem
afectos
vou a caminho da foz. Chegam barcos, saem outros.
Brilha este lado das águas.
A sombra também caminha e só na distância das ondas
poderá estar o espelho brilhante que fixa a luz à terra
ou a chama ao fascínio."
(Firmino Mendes)
Obrigado pelo teu aniversário.
Loucura
A sujeição quotidiana pode impedir qualquer um de desenvolver o seu Eu – tornando-se esquizofrénico. Padece-se dessa patologia porque a autonomia vivida é a dos outros e escondemos as nossas emoções a favor de uma convivência idilicamente falsa subordinada por relações de poder.
Poucos são os que reconhecem as dádivas que se partilham diariamente que historicamente inter e intra-estruturam o(s) sujeito(s). É urgente, há muito tempo, agirmos como pianistas de sentimentos. (Re)Criadores responsáveis pelas suas próprias obras mais ou menos artísticas mas definitivamente representativas e edificadoras do(s) mundo(s) e interacções existentes.
Viver cada momento – hora, dia, ano – como um ensaio e\ou espectáculo diferenciado e potenciador de aprendizagens singulares.Fragmentos do Manual de Leitura de Platónov (TNSJ, 2008)
“A esperança não nasce de uma visão do mundo tranquilizadora e optimista, mas sim da dilaceração da existência vivida e sofrida sem véus, que cria uma irreprimível necessidade de resgate.” (Cláudio Magris)
“Platónov parece ser o centro de um pequeno mundo provinciano. Mas esse centro aparente é tão-só um turbilhão que a si próprio se suga, se autodestrói e prejudica todos quantos dele se aproximam. Platónov é composto por vários fragmentos de seres que só não se desintegram graças ao amor que as mulheres lhe têm e à pura incoerência de que a sua pessoa é urdida.” (Béatrice Picon-Vallin)
“A história literária ocidental dos últimos dois séculos é uma história de utopia e desencanto, da sua inseparável simbiose. A literatura coloca-se frequentemente face á história como o outro lado da lua, o lado que deixa na sombra o curso do mundo.” (Cláudio Magris)
“Platónov – Rebelde insensato, politicamente e socialmente incorrecto, a personagem antecipa a figura do desesperado James Dean, capaz de arrebatar corações a duzentos à hora e morrer espatifado contra uma árvore no deserto.” (Carlos J. Pessoa)
“O progresso colectivo evidencia o mal-estar do indivíduo; ambicionar viver é coisa de megalómanos, escreve Ibsen, querendo com isto dizer que só a consciência do árduo e temerário que é aspirar à vida autêntica pode permitir que nos aproximemos dela.” (Cláudio Magris)
“Romeo Castellucci afirma que a missão do artista não consiste em dar a sua visão ou em transmitir a sua mensagem, mas muito mais em suscitar o poder de criação do espectador. Stanislas Nordey diz: o corpo do encenador é um corpo exposto, um corpo impudico.” (Alexandra M. Silva)
“Se representada a totalidade do texto, sem cortes, daria um espectáculo de pelo menos seis horas – o jovem Anton Tchékhov não tinha ainda a experiência viva do teatro.” (António Pescada)
“Ninguém está habituado. È a tirania da hora e meia!” (Nuno Cardoso)
“Uma grande obra, grande não apenas em extensão mas também em densidade, permite diferentes formas de abordagem. Porque embora uma obra seja em geral maior do que a soma das suas partes, também acontece algumas partes de algumas obras valerem por si mesmas e conquistarem uma certa autonomia.” (António Pescada)
NUNO CARDOSO
“Estamos órfãos de referências.
Uma improvisação aplicada a um texto de reportório é uma operação de hermenêutica, é um estudo.
Corremos o risco de sermos uns falhados tonitruantes, com estilo, uns putativos artistas de gaveta, que pululam cada mais por aí.
A cidade do Porto é uma boa amostra deste estado de coisas, porque é uma cidade sem memória. Não há memória das companhias teatrais da década de 90, não há memória do mito fundador que foi António Pedro, e por aí fora. É uma cidade que está sempre no mesmo sítio, que está sempre a começar do zero. A sociedade de Platónov é vampiresca, também nunca sai do mesmo sítio, nunca."
-------------------------------------------------------------------------------------------------“Presente menos Passado – dá resultado negativo (como 10-25=-15)” (Gonçalo M. Tavares)
Escrevo-te
Esta sensação instigadora bem-vinda humedeceu a pele coberta de penas descobertas e - como um símile - os lençóis no dia seguinte desejado espraiaram-se com olhos fundos no seu pingar oscilante.
Porto
Passagem
- Lembras-te daquela noite em Julho
- Qual
- Quando andávamos na escola
- Na escola
- Sim, e fazíamos teatro
- Tivemos muitas
- Pois foram, e as que ficaram esquecidas
- Eu lembro-me de algumas, conta
- Estava a chover e ficámos à espera que te viessem buscar
- No portão
- Sim no portão, tu de guarda-chuva e eu no carro com a M.
- A ouvirmos a Antena 2
- Deprimente e belo
- Queria que te fosses embora e não foste
- Claro, foi uma oportunidade única e memorável
- Pelo menos pela escrita
Back?
Podia escrever-te
Sem usar-te
Uma carta de desejo
Sem beijar-te
Uma carta de amor
Sem pensar-te
Uma carta de dedicação
Sem oferecer-me
Uma carta de fidelidade
Sem despir-me
Uma carta de despedida
Sem desligar-me
Uma carta de suicídio
Sem usar-me
Podia
Sentir-me dono de mim
(En)Cantos de poeira remexida
Começam a habitar a folha de linhas em frente
Perspicazes emergem pela caneta – porque o vento
Decidiu acordar inspirado – ou porque o sol
Envergonhado sorriu de leve – só ainda
Não descobri se para mim
Ou para aquela que por mim escreve.
Começo a repetir o que diz e
Sem imitar (re)crio os seus mundos rectos
De fantasia e sonho
Que sonho como meus.
Acordado ato, mais uma vez,
Memórias decalcadas, agora a violeta (des)contente
E o mar entra pela janela
Imenso, disperso, partido
Desconexo, irreverente, insistente,
Envolvente, quente e sorrio
Como se de uma reacção alérgica se trata-se.
A Ronda da Noite
Data de estreia: 2008-05-08
Título: A Ronda da Noite
Título Original: Nightwatching
Realização: Peter Greenaway
Argumento: Peter Greenaway
Elenco: Martin Freeman, Emily Holmes, Michael Teigen.
Género: Biográfico, Drama, Histórico
País: Canadá, França, Alemanha, Polónia, Holanda, Grã-Bretanha
Duração: 134 min
Distribuição: Lusomundo
Lições de Felicidade
Odette Toulemonde — Lições de Felicidade Título original: Odette Toulemonde |