Ao filho

Com o entardecer, o corpo deitou-se na luz devota e as mãos fechadas sobre o ventre sossegaram-no.
Filho meu, teu, sangue nunca visível, sexo imperceptível.
O escuro aproxima-se para sentir os movimentos brancos no líquido terminal e o sopro pequeno, numa timidez insolúvel, pacífica - o corpo.

- Filho, noutro amanhecer, caminhamos perfeito, fazemos dignidade, altruísmo, sorrimos ao centro. Sempre juntos. Até te olhar num baloiço inocente e desaparecer nesse sentimento de saudade.


(Imagem: Rui Effe)

2 comentários:

rebelonya disse...

alguém pegou na capa de sigur ros e a tomou como filho :) já li o livro do joaquim, meu amigo... e entretanto - terei de confirmar - penso que o daniel faria era colega de uma amiga minha, e que já conhecia a história deste livro por a mãe e irmã do daniel terem pegado nos cadernos dele em fase póstuma... obrigada, obrigada* amanhã estou no porto! :)

cadernodelinhas disse...

a (não) concordar, e sempre recorrente: Parmênides (c. 530-460 a.C.): “Nada nasce do nada, e nada do que existe se transforma em nada”.

Estiveste, e estarás novamente. Aliás, estás sempre, com(o) um amendoim :)